Capoeira e História: O Encontro de Mestres no Aeroporto Santos Dumont
"Capoeira e História: O Encontro de Mestres no Aeroporto Santos Dumont"
No dia 9 de abril de 1959, o cenário do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, tornou-se palco de um momento ímpar na história da capoeira. Mestre Pastinha e Mestre João Grande, dois ícones dessa arte marcial afro-brasileira, protagonizaram uma partida que ficaria registrada não apenas na memória dos presentes, mas também em fotografias que sobrevivem até os dias atuais.
A imagem, creditada aos jornais "A última hora" e "O diário carioca" de 10 de abril de 1959, mostra os mestres envolvidos em uma partida que, segundo especulações, seria o tradicional jogo de Santa Maria. O detalhe peculiar do dinheiro espalhado pelo chão sugere que a roda de capoeira não era apenas uma expressão artística, mas também uma forma de apostas entre os praticantes.
O contexto do encontro ganha ainda mais relevância ao considerarmos o motivo da viagem de Mestre Pastinha e alguns de seus alunos naquele dia. Eles estavam a caminho do "Festival de Folclore Baiano" em Porto Alegre (RS), que teria início no dia seguinte. Uma oportunidade para disseminar a riqueza cultural da capoeira e suas raízes africanas pelo Brasil afora.
À época, Mestre Pastinha, já um venerável mestre, completava 70 anos de vida. Sua presença naquele evento não apenas enaltecia sua trajetória na capoeira, mas também simbolizava a continuidade de uma tradição que ele soubera preservar com maestria.
Ao lado dele, Mestre João Grande, com 27 anos recém-completados três meses antes, representava a juventude e a vitalidade da capoeira. Sua participação na roda não era apenas um duelo de habilidades, mas também um diálogo entre gerações, uma troca de conhecimento que caracteriza a essência da capoeira.
A fotografia é um registro valioso de um momento em que a capoeira transcende as fronteiras do ringue e se torna um símbolo de resistência cultural. O dinheiro no chão, testemunha da aposta que animava a roda, representa não apenas a competitividade entre os jogadores, mas também a valorização econômica dessa forma de expressão cultural afro-brasileira.
A presença da capoeira em um festival de folclore evidencia sua importância como patrimônio imaterial do Brasil. Mestre Pastinha e Mestre João Grande, ao se encontrarem naquele aeroporto, não apenas jogavam capoeira; eles teciam os fios de uma tradição que se desdobraria ao longo do tempo, influenciando gerações futuras de capoeiristas.
A foto, cujos créditos se estendem ao "Jornal A última hora" e "Jornal O diário carioca", é mais do que um instantâneo do passado. Ela é um testemunho visual da riqueza da capoeira como forma de expressão cultural, esportiva e social, que transcende barreiras geográficas e temporais. Mestre Pastinha e Mestre João Grande, naquele encontro no Santos Dumont, tornaram-se protagonistas de uma página inestimável na história da capoeira brasileira.
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