Mestre Caiçara: Um Legado Imortal na História da Capoeira

 Mestre Caiçara: Um Legado Imortal na História da Capoeira

Mestre Caiçara


No coração do Recôncavo baiano, onde mistérios e magia se entrelaçam, nasceu Antonio Conceição Morais em 8 de maio de 1924. Esse homem, que viria a ser conhecido como Mestre Caiçara, enfrentou uma infância humilde e sofrida, mas isso não o impediu de mergulhar de cabeça nas diversas manifestações culturais proporcionadas pelo berço da cultura brasileira.

Caiçara, além de respirar as tradições ancestrais da região, também explorou outras culturas. Ele foi praticante de jiu-jitsu, boxe, luta livre e luta greco-romana. No entanto, foi na capoeira que escreveu sua história e se tornou uma figura renomada em todo o mundo.

Em 1938, aos 14 anos, Mestre Caiçara iniciou sua jornada na capoeira sob a orientação de um mestre que lhe ensinou os segredos e mistérios dessa manifestação cultural. Foi com o mestre Valdemar que aprimorou seu canto e toque de berimbau, tornando-se uma das figuras mais polêmicas da história da capoeira ao longo de seus 59 anos dedicados a essa arte.

Durante sua juventude, Caiçara trabalhou como abatedor de bois e, segundo suas próprias palavras, quando buscava encrenca, matava o boi, bebia o sangue e saía em busca de brigas. Essas aventuras resultaram em 27 cicatrizes pelo corpo, causadas por ferimentos diversos.

As confusões com a polícia eram frequentes na vida de Caiçara, que, paradoxalmente, tinha sua autoridade reconhecida por muitos soldados da época, que se recusavam a prendê-lo. Nos anos 60, o mestre envolveu-se em capangagens políticas ao lado do mestre Traíra, trabalhando para o então prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães.

Mestre Caiçara orgulhosamente afirmava ter feito parte de um bando de cangaceiros ainda na adolescência. Suas performances eram narradas com emoção, e uma foto dele vestido de cangaceiro ao lado dos companheiros permanece nas mãos de seus familiares.

A inseparável bengala que Caiçara carregava não era apenas um objeto de descanso, mas também uma arma fatal, dada por seu mestre antes de falecer. Ele alegava que seu mestre também usava uma bengala, não apenas por sua utilidade, mas também como um sinal de elegância.

Uma das histórias mais marcantes envolve um desafio de Mestre Caiçara a Mestre Bimba, um renomado mestre da capoeira regional. Mesmo sendo o único a enfrentar a "Pantera Negra", Mestre Bimba saiu com a cara quebrada, mas deixou seu nome na história.

Em 1972, quando Mestre Bimba se despediu de Salvador para residir em Goiânia, Mestre Caiçara, após muitos anos sem se falar com ele, foi fazer as pazes, reconhecendo-o como o terceiro mestre da Bahia, depois do próprio Caiçara e do Mestre Pastinha.

Mestre Caiçara, que gravou um LP em 1969 com cantigas de capoeira, toques de berimbau e samba de roda, deixou um legado imortal na cultura brasileira. Seu estilo valente, porém com alma de criança, fez dele uma figura imprevisível. Em 26 de agosto de 1997, a Bahia, a capoeira e toda a cultura brasileira choraram sua partida, mas seu nome permanece imortal, rodando o mundo através da capoeira.



#MestreCaiçara #Capoeira #LegadoImortal



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mestre Del: Da Rua L à Glória na Capoeira e Além - Uma Jornada de Superação e Transformação Social

Contramestre Jacob: Uma Vida Dedicada à Capoeira e ao Desenvolvimento Social em Macaé

Mestre Anisio: A Jornada de um Guardião da Capoeira que Transforma Vidas